terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Agulha
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Condutos
Certo incerto
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Pressa
Te explico, logo escrevo
Tarde
e colunas de tosco cimento:
cenário que às vezes invento
sai tênue
do pensamento.
Deve ser para fugir de algum momento
por entender cheio de teias
rótulos, cercas :
os contratempos.
É que deveras não são problemas
por ter sangue de contra indicados.
Ao contrário:
no contra tempo às vezes
acha-se o recado;
e voa-se como tarde
dessas à frente de um lago
(você sentado e mudo
as pernas dobradas em lótus
curtindo um abismo
contigo mesmo ao teu lado)
cristina
sábado, 3 de julho de 2010
rapaz
alto
chapéu
e tênis rosa
toca seu violão como poesia.
Mesmo no barulho
e correria
acho que ressoa
como cria
Cria sim : de bicho
meio fera.
Solto numa selva
ou preso à toa.
Selva que é tão dele
quanto minha.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Tu. Eu e algo.
Intercedeste como paralela
embora eu interpretasse
que uma nave em inquestionável
linha reta
atravessara a cidade.
(É claro que inconveniente
até
a janela da minha sala).
O espaço é fundo de cena
e a noite
quase poema.
Tu:
duas vogais em desastre
bruto
como um diamante.
Eu : como um duo em parte
teu, misturado ao descarte.
Claro pedaço de algo
meio que... reciclagem.
Vários sentidos sem nexo.
Sem lapidar.
Pura arte.
domingo, 20 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
SARAMAGO, foste embora mesmo?
domingo, 13 de junho de 2010
Percurso
moldura
ou espartilho:
deixe a cintura
o corpo
a semana.
Pare de medir entre segunda
e domingo
vamos para a feira
sem carteira.
Vamos à bagunça
daquele que grita
e quem sabe agita
momento incerto.
Você não entende
que não sou linear: pulo como grilo
sem grilo ou trilho
e saio da raia
e faço é cantar.
Chorar?
Também choro –você que o diga-
mas nada de pontos
(talvez reticências )
de pontos finais.
Você não compreende
esta deforme - forma
que é
meu amar
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Todo Mundo Não
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Caminhos
Não muros grafitados
mas limpos,
lisos como azulejos
sem diferenciais.
Por não querê-los
escalo viadutos nas cidades cheias
nas luas perdidas
nas partes de mim.
Atropelo pombas
em quintais vazios
e volto às ruas
com o peito chiando
em dor
por não ter nada.
Por não conseguir assimilar
o código do outro como solicitado
para dar forma à paixão
e domesticá-la
e guardá-la em vidros
para hibernação.
Dói a dor
de não ser explicito
não por não ser
mas por ter que fingir
tantas e tantas vezes
para poder cruzar
entre os robôs que mordem.
Por isso é que às vezes
saio como tantos
e os encontro soltos
e há encontros cantos
fáceis e dormidos
feito luas novas...
É por isso mesmo
-sei que sou mais uma-
e é que somos tantos
mas tão sós
e mudos...
cristina
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Por dentro e ambíguo
O grande problema às vezes
é não saber para onde dirigi-las
porque um cilindro é um corpo
e o resto
sorte evolutiva.
Inteligência, memória,
pensamento;
cognitivo,
percepção
acolhimento:
um refúgio
dos coitados sentimentos
sem retórica -a não ser-
pelas feridas que os sustentam.
Ou as rápidas,
felizes investidas
acolhidas
perceptivas
cognitivas
dos refúgios
dos enormes sentimentos
com eufóricas retóricas
de alento :
esses loucos atrevidos
sentimentos
que te invadem e te engolem
com a vida.
sábado, 5 de junho de 2010
Ele mexeu nela...
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Amar
quarta-feira, 2 de junho de 2010
É. Foi mesmo.
preciso quebrar você
e então perguntei ;por quê?
e respondeu
para ver o que tem dentro
e viu.
segunda-feira, 31 de maio de 2010

AMARRA
Amarra-nos o culto ao civilizado
como se fosse milícia
e atiro
para todos os lados
tentando a salvação.
Dentro de um plástico respiro
e embaçados são os lamentos de tantos
e tantos.
Às vezes não dá para esperar.
Muitos aterrorizados olhos compactuam
com a ordem
sem transgredir:
às vezes eles conseguem esperar.
Quero meu grito de volta
nada de projetos idiotas
pendurados para secar
no varal.
Creio no dia que amanhece
na madrugada porque é presente.
Nos momentos:
e nada mais...
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Nádegas

e passamos
algo pesca tuas nádegas
e faz com elas balsas
e arrecada beiras de cama
algo
alguém
alguns
algas de mar como folhas
carrego nas minhas entranhas
e sei desta dor que barganha
com sede
a minha existência.
Dou-lhe talvez a insistência
os anos
a casa e as mágoas.
Para andar
preciso delas
e andar o mundo
é a única garantia
de estar viva.
(se ela não anda, ela
vê. Se não, ela toca.
Se navega, nádegas.
E senão:
boca).
Nádegas que me carregam
por favor
fiquem e fiquem
e andem comigo
e sintam
e corram!
Não
por fotos
álbuns
passado.
Uns colchões surrados, usados
e do teu amor
mais agarrado.
Entenderia
porque já joguei os meus, outras vezes,
e porque o tempo não diz
o que é válido.
Diz mesmo o que é amar;
esse incômodo no peito
que não pode ser contado.
No lado de dentro do abdome
como um recado mal guardado.
Nada avaliado, duro de roer
que não sai
não se conforma
com poucos pecados.
Então : entenderia.
Mas não consigo entender que você jogue
nossos poucos momentos
tão alucinados.
Porque amor tem um lado
ancestral
e complicado:
amor volta
se mal exterminado.
Amor,
é danado.
Saturno
Saturno era um negro gigante.
Cantava com voz de caverna
e eu
e meu irmão
interrompiamos
a aula de canto do meu avô
com as nossas risadas.
O mundo era enorme
desconhecido em tudo
e as esquinas tinham segredos
e mágicas
e aventuras.
Meu avô nos ensinou coisas estranhas.
Clave de sol, música e acordes.
O piano ocupava a sala toda
onde ele recebia os alunos.
Nós faziamos arte
-de gente grande-
no jardim
e morriamos de rir dos astronautas
que brincavam conosco.
Visitavam nosso barco
cowboys bonzinhos
e detetives
e dançarinas.
Conseguiamos fazer as épocas
sem gastar com figurinos
e percebiamos os anos
os perfumes
as tocaias.
Todos os deleites de nossas histórias.
Criávamos os tempos com acertados detalhes
e um dia disseram-nos que os sábados
brincados
acabaram.
Soldados esquisitos armaram-se nas ruas
e as noites eram curtas
e não podia mais
haver calçada
com luas
campainha do vizinho
e primos correndo
conosco.
O país (como outros)
ficou em sombra
e muitos amigos da casa que via
nunca mais vi.
Eu não entendia direito
pessoas falando em segredo
e livros queimando no quintal.
Saturno não veio mais
cantar.
Hoje sei
de veias abertas,
de viradas de mesa
e coisa
e tal.
E que o barco dos piratas do jardim
existiu.
Assim como o foguete que partia
com cheiro de bolo
do fundo do quintal.
Sim.
Existiu sim.