Cansaço
Nosso cansaço existencial interpõe-se
emudecendo
atordoando
esclarecendo
dolorosamente
vagarosamente
como o corte na carne
atiçando a indiferença
para apagar a lua.
Não há delicadeza possível
no quintal desse cansaço
o infernal sufoco do real
e os pés embrutecidos da existência.
A dor do desencontro
tornou-se maior
e mais confiável
do que a alegria intransigente
do encontro;
porque existir é angustiante
e impertinente
como andar na corda bamba do equilibrista.
Mas creio que devo tudo
ao lado irracional que me adivinha.
Porque apesar da lucidez
tão dolorosa e inquisitiva tenho o desejo
que me leva até a janela para mostrar
a lua fria.
E porque a falta,
ésta que dói
na angústia minha do existir
não chega aos pés da paixão torpe
(e gosto enorme, gosto estranho)
por algum
e pela vida...
Nenhum comentário:
Postar um comentário