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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Todo Mundo Não




Não leio todo mundo
nem procuro ser gentil
no que tange à arte dos outros.

Os pedaços que de mim saem
tão solitários e escancarados
necessitados, quase sufocados
por arrancar alguma vida
do que teima em se recolher...
tão ingenuamente expostos
a si mesmos
tentando ter cara de arte
e arrastando todas as pontas
e extremidades
não lixadas pelo mundo...
Esses pedaços são muito hostis.

Assim tornam-se expressão
denunciante
do que por dentro arde
corrói
desfruta
e atiram suas palavras nos outros
para sobreviver...

Minhas partes pouco amenas
como águias esfomeadas vem à Terra
roubam olhares
saltam buracos em cercas
invadem reuniões
e ainda bem;  me resgatam
como rede no oceano que pesca tudo
e volta a se despejar no mar.

E assim
sobrevivo.
E quando gosto
é porque alguém (provavelmente sombrio)
me surpreendeu como um vinho
me desatou sem tesouras
me desnudou
sem tocar.

E como em tantos e tantas
a minha parte mais viva;
então
resolveu
retrucar...

cristina

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