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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Certo incerto

Quando a certeza despede-se do medo
e alivia com seu vôo o que é
navegam-se mares possíveis
e o incerto veste-se de vida.

Morrem os túmulos claustrofóbicos
para que voem as borboletas.
As verdades fantasiam-se de dúvidas
e revivem
brincando como cores
em prisma iluminado de arco íris.

Jogue o horário do encontro
e afogue-o no vaso:
nossos olhares se encontrarão no horizonte
alguma vez incerta numa noite com desejos
e teremos a certeza da vontade
com as bocas esfomeadas pelos beijos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pressa


Alopradas as pombas buscam migalhas
e passam pessoas
pernas que trombam
calçadas, lajotas calçadas:
chamam de “rush”
as horas que passam.
Porque as outras guardam-se
feito intervalos e pausas
aquelas que nunca se cansam
de lembrar-me
como faz buracos
a tua falta. 

cristina

Te explico, logo escrevo


 Surge o outro

assim,
do nada
mas de dentro
ou eu sei lá:
e toca o espaço
com olhos de vulcão
então
e somente então
percebo que escrevo para ele
porque surgem as palavras
com dono
e me invadem como chuva de granizo...

Não dá para parar
o que eu não explico:
com código genético
e escrito
preciso urgentemente
um muro limpo:
algum amigo inteiro ou quebradiço
que ao fundo me receba
como louca
ou deixe (por instantes) que eu o queira
como faz em rebeldia
alguma fera...

Tarde

Degraus de pó
e colunas de tosco cimento:
cenário que às vezes invento
sai tênue
do pensamento.
Deve ser para fugir de algum momento
por entender cheio de teias
rótulos, cercas :
os contratempos.

É que deveras não são problemas
por ter sangue de contra indicados.
Ao contrário:
no contra tempo às vezes
acha-se o recado;
e voa-se como tarde
dessas à frente de um lago
(você sentado e mudo
as pernas dobradas em lótus
curtindo um abismo
contigo mesmo ao teu lado)

cristina

sábado, 3 de julho de 2010


  

[ http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://transitivo.files.wordpress.com/2009/10/violao-bucolico-cor-721.jpg]


 Bicho cria

Raridade entre os mutantes
                                            que andamos pela rua:
                                            rapaz
                                            alto
                                            chapéu
                                            e tênis rosa
                                            toca seu violão como poesia.

                                            Mesmo no barulho
                                            e correria
                                            acho que ressoa
                                            como cria
                                            Cria sim : de bicho
                                            meio fera.
                                            Solto numa selva
                                            ou preso à toa.
                                            Selva que é tão dele
                                            quanto minha.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tu. Eu e algo.

Tu. Eu e algo.

Intercedeste como paralela
embora eu interpretasse
que uma nave em inquestionável
linha reta
atravessara a cidade.

(É claro que inconveniente
até
a janela da minha sala).

O espaço é fundo de cena
e a noite
quase poema.

Tu:
duas vogais em desastre
bruto
como um diamante.
Eu : como um duo em parte
teu, misturado ao descarte.

Claro pedaço de algo
meio que... reciclagem.

Vários sentidos sem nexo.
Sem lapidar.

Pura arte.

domingo, 20 de junho de 2010



Caso





Você pode achar que não houve


apenas eu


tive e fiz.


Ou mesmo assim


sem ter tido


azucrinei madrugadas


para mim mesma


com teu perfume.





Provável; dier,


provável é.





Vamos de novo aos quintais


perguntar tudo a esta vida:


o que é real


e o que é nunca?


O que é que é mesmo


a mentira?





O teu perfume de areia


ainda está:


eterna estréia.


Mas não troféu


treco morto.


Porque alinhavo e permito


todas as marcas que touco


e elas se ajeitam e gostam


de perdurar


como encostos...

cristina