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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tu. Eu e algo.

Tu. Eu e algo.

Intercedeste como paralela
embora eu interpretasse
que uma nave em inquestionável
linha reta
atravessara a cidade.

(É claro que inconveniente
até
a janela da minha sala).

O espaço é fundo de cena
e a noite
quase poema.

Tu:
duas vogais em desastre
bruto
como um diamante.
Eu : como um duo em parte
teu, misturado ao descarte.

Claro pedaço de algo
meio que... reciclagem.

Vários sentidos sem nexo.
Sem lapidar.

Pura arte.

domingo, 20 de junho de 2010



Caso





Você pode achar que não houve


apenas eu


tive e fiz.


Ou mesmo assim


sem ter tido


azucrinei madrugadas


para mim mesma


com teu perfume.





Provável; dier,


provável é.





Vamos de novo aos quintais


perguntar tudo a esta vida:


o que é real


e o que é nunca?


O que é que é mesmo


a mentira?





O teu perfume de areia


ainda está:


eterna estréia.


Mas não troféu


treco morto.


Porque alinhavo e permito


todas as marcas que touco


e elas se ajeitam e gostam


de perdurar


como encostos...

cristina

sexta-feira, 18 de junho de 2010

SARAMAGO, foste embora mesmo?

                                              José de Sousa Saramago (1922 - 2010)

escritor português - Nobel da Literatura em 1988. 
entre outros livros, escreveu "Ensaio sobre a Cegueira", que foi o único livroseu que permitiu que se convertesse em filme, aceitando o convite de Meirelles, cineasta brasileiro.


"Somos todos escritores, uns escrevem, outros não".

" Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar".

José Saramago

domingo, 13 de junho de 2010

Percurso



Porque não há trilho
moldura
ou espartilho:
deixe a cintura
o corpo
a semana.
Pare de medir entre segunda
 e domingo
vamos para a feira
sem carteira.

Vamos à bagunça
daquele que grita
e quem sabe agita
momento incerto.

Você não entende
que não sou linear: pulo como grilo
sem grilo ou trilho
e saio da raia
e faço é cantar.

Chorar?
Também choro –você que o diga-
mas nada de pontos
(talvez reticências )
de pontos finais.

Você não compreende
esta deforme - forma
que é
meu amar

cristina

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Todo Mundo Não




Não leio todo mundo
nem procuro ser gentil
no que tange à arte dos outros.

Os pedaços que de mim saem
tão solitários e escancarados
necessitados, quase sufocados
por arrancar alguma vida
do que teima em se recolher...
tão ingenuamente expostos
a si mesmos
tentando ter cara de arte
e arrastando todas as pontas
e extremidades
não lixadas pelo mundo...
Esses pedaços são muito hostis.

Assim tornam-se expressão
denunciante
do que por dentro arde
corrói
desfruta
e atiram suas palavras nos outros
para sobreviver...

Minhas partes pouco amenas
como águias esfomeadas vem à Terra
roubam olhares
saltam buracos em cercas
invadem reuniões
e ainda bem;  me resgatam
como rede no oceano que pesca tudo
e volta a se despejar no mar.

E assim
sobrevivo.
E quando gosto
é porque alguém (provavelmente sombrio)
me surpreendeu como um vinho
me desatou sem tesouras
me desnudou
sem tocar.

E como em tantos e tantas
a minha parte mais viva;
então
resolveu
retrucar...

cristina

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Caminhos

Há caminhos banais e toscos como muros.
Não muros grafitados
mas limpos,
lisos como azulejos
sem diferenciais.

Por não querê-los
escalo viadutos nas cidades cheias
nas luas perdidas
nas partes de mim.
Atropelo pombas
em quintais vazios
e volto às ruas
com o peito chiando
em dor
por não ter nada.

Por não conseguir assimilar
o código do outro como solicitado
para dar forma à paixão
e domesticá-la
e guardá-la em vidros
para hibernação.

Dói a dor
de não ser explicito
não por não ser
mas por ter que fingir
tantas e tantas vezes
para poder cruzar
entre os robôs que mordem.

Por isso é que às vezes
saio como tantos
e os encontro soltos
e há encontros cantos
fáceis e dormidos
feito luas novas...

É por isso mesmo
-sei que sou mais uma-
e é que somos tantos
mas tão sós
e mudos...

cristina

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Por dentro e ambíguo

Fabrico algumas queixas dentro deste cilindro.

O grande problema às vezes
é não saber para onde dirigi-las
porque um cilindro é um corpo
e o resto
sorte evolutiva.

Inteligência, memória,
pensamento;
cognitivo,
percepção
acolhimento:
um refúgio
dos coitados sentimentos
sem retórica -a não ser-
pelas feridas que os sustentam.

Ou as rápidas,
felizes investidas
acolhidas
perceptivas
cognitivas
dos refúgios
dos enormes sentimentos
com eufóricas retóricas
de alento :
esses loucos atrevidos
sentimentos
que te invadem e te engolem
com a vida.